Arquivo da categoria: Humor

FACEBOOKISTÃO, UM LUGAR PARA CURTIR

 

Visitei terras e culturas diferentes. Percorri boa parte do Oriente Médio e da Ásia. Travei contato com diversos povos. Fui um dos primeiros ocidentais a percorrer a Rota da Seda, em busca de um tecido que, ao ser rasgado, se transformasse em elogio. Sou cartão platinum em quase todas as companhias. Por isso, posso dizer de cadeira: não há lugar no mundo como o Facebookistão.

Esse país, de paisagem branca e azul, congrega mais de 800 milhões de pessoas. Um em cada 13 habitantes do planeta vive lá. Dentro de suas fronteiras falam-se algo em torno de 70 idiomas. Não incluindo aí o novo léxico pictórico, tipo \o/ , 🙂 , 😦 etc.

A população é essencialmente linda, bem-sucedida, de gosto refinado, preocupada com a justiça social, o meio ambiente e os animais. É um povo muito receptivo. Cada pessoa tem por volta de 130 amigos. A maioria só convive mesmo com uns 4 desses 130. Mesmo assim estão sempre abertos a novas solicitações, não sem antes olhar o álbum de fotos do pretendente, é claro.

O ambiente é democrático, apesar de ser uma monarquia absoluta. O monarca, de apenas 28 anos, pode não só fazer as leis, como também excluir qualquer pessoa que estiver, inclusive, andando na linha. Em breve, o rei, como muitos outros governantes, venderá a nação para o mercado financeiro através de um IPO.

Nesse estranho país, protesta-se contra reacionários, insensíveis, fofoqueiros, sertanejos, funkeiros, homofóbicos, racistas, corruptos, fúteis, ditadores, mal-educados. O efeito dessas vozes dentro do território é inócuo, uma vez que ninguém lá possui tais defeitos. É muito comum no Facebookistão as pessoas protestarem também contra a falta de privacidade de seus dados. Poucos têm paciência de ler atentamente as cláusulas que regem o uso das informações fornecidas. Estes preferem usar o tempo para relatar publicamente como anda sua digestão ou expor as fotos da operação de fimose.

A principal atividade é a postagem. Todo dia, a população publica mais de 250 milhões de fotos. A cada 20 minutos, 10 milhões de comentários são escritos, 2 milhões de perfis são atualizados e 1 milhão de links são compartilhados. Que trabalho terão os cientistas sociais do futuro.

A moeda de troca é o like. Trocam-se likes por mais likes. O que no fim das contas não faz a economia produzir valor. A não ser para o monarca, que, com esse intenso tráfego de gentilezas, vende com mais facilidade os espaços publicitários aos anunciantes.

Quando conto essas coisas, as pessoas pensam que estou inventando ou que fiquei louco, acham que é mais uma viagem de Marco Polo.

Enfim, se você se interessou em visitar, saiba que, ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, entrar para essa comunidade especial é simples. Basta apresentar seu nome, um e-mail e a data de nascimento. Esses dados nem precisam ser verdadeiros. Entrar é facílimo, difícil mesmo é sair.

Fonte

A Luta Continua

Sempre comparei minha filosofia com a atividade do escultor. Este tem de retirar da pedra, do metal ou do barro o que não é útil e trabalhar apenas com o que é essencial. Nas lutas,  vale o mesmo princípio. Para ser eficiente é preciso eliminar as firulas e usar apenas os golpes mais diretos e certeiros. O ideal é atuar como um Rodin (realista, impressionista) e deixar seus oponentes como Aleijadinhos (barroco, rococó).

Por trás dos meus chutes e pontapés havia um bocado de flexão e reflexão. Foi a partir delas que criei o Jeet Kune Do (que em cantonês quer dizer “impressione um ocidental com esse nome estranho e composto”). Eu percebi que as técnicas de artes marciais estabelecidas eram muito rígidas e formais. E, mais, nenhuma delas era autossuficiente em uma situação de luta real. Então desenvolvi o JKD, que nada mais é do que a síntese de vários estilos: boxe, esgrima, luta livre, jiu-jítsu, judô, tae kwon do, wing chun, chachachá e macarena. É o estilo sem estilo, cuja ideia central é: se funcionar, tá valendo. O Jeet Kune Do é o verdadeiro vale-tudo. É o que prega a liberdade de expressão. Até o do Tim Maia tem mais cláusulas de exceção.

Mas por que estou aqui a me jactar neste post já tão longo? Ora, um texto também pode ser visto como a transmissão de uma luta. Primeiro, a narração trata de enumerar os feitos de cada lutador de modo a aumentar a expectativa. Nos parágrafos seguintes, começa o verdadeiro embate das ideias. Um argumento bem dado no ouvido, uma informação chutada (sem citar a fonte), intercalados por momentos em que nada acontece e alguns golpes baixos. Para tudo desembocar nas linhas finais, que devem funcionar como um nocaute. Texto que ganha por pontos ninguém comenta.

Continuar lendo

Chaplin

Da Vinci a zero

Se você não aguenta mais ouvir falar de Steve Jobs, imagina eu que, de uma hora para outra, quase perdi o posto de maior gênio da humanidade. As comparações entre os nossos feitos não cessam na imprensa e nas redes sociais. Não sou só eu que estou indignado. Jesus também não está gostando nada de ter o seu Sermão da Montanha irmanado ao discurso aos formandosda Universidade Stanford, proferido pelo pai da Apple, aquele que faz sucesso no YouTube.

 Entendo que todo morto célebre tem tendência a virar santo. Mas nem estão dando tempo de apurar os milagres de Jobs e já o estão canonizando. Enquanto devotos deixavam velas, flores e condolências nas Apple Stores, outros, a metros dali, ocupavam Wall Street e protestavam contra o sistema financeiro. O próprio Jobs alertava, em seu já referido discurso, sobre a importância de ligar os pontos. Mas parece que as pessoas não associaram um evento ao outro. Talvez a realidade rode em Flash.

 Notem, não quero diminuir o valor de Jobs. Sua contribuição é notável, especialmente quando a bateria ainda não se foi. Apenas é preciso colocar as coisas nos seus devidos lugares. Passei séculos sendo considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa mais dotada de diversos talentos a ter vivido. Não é justo que alguém, em menos de uma semana, passe a ser tratado como exemplo de homem renascentista.

 Por isso, decidi comparar nossas obras mais conhecidas. Sei que é uma coisa estúpida fazer um paralelo entre máquinas e obras de arte. Mas todo gênio tem muito de idiota.

 Homem Vitruviano X iPod

 Meu famoso desenho é o símbolo da simetria básica do corpo humano, cujo funcionamento é uma analogia para o funcionamento do Universo. Ou seja, com meu esboço anatômico fiz uma cosmografia do microcosmo.

 O tocador de música da Apple destruiu a indústria fonográfica e gerou milhares de músicos de churrascaria. Além de nos criar o hábito de acumular músicas que jamais vamos ouvir.

 Mona Lisa x iPad

 A fila para ver a Mona Lisa é permanente. E há um bom tempo.

 A fila para comprar o iPad é grande. Mas só nos períodos de lançamento.

 A Última Ceia x iPhone

 Fiz a Última Ceia para a iGreja de meu protetor, o Duque Lodovico Sforza.

 É um dos quadros mais famosos do mundo. Baseia-se em João 13:21, no qual Jesus anuncia aos 12 apóstolos que alguém, entre eles, o trairia. Sua reprodução está nas casas de metade do planeta e nunca precisou ser atualizada.

 Já o iPhone acabou com todas as ceias coletivas. Hoje, cada um fica curvado esfregando os dedos na telinha. Jobs nunca avisou quando ia trair seus fiéis compradores. Lançou novas versões do seu smartphone a todo momento. O que tornava obsoletos os modelos recém-adquiridos.

 Fonte

FILOSOFIVIS DO MÉ-MUSSUM

Há uma série de livros de divulgação filosófica que se valem de filmes, séries de televisão e ícones do entretenimento para trafegar certos conhecimentos que, de outro modo, ficariam confinadosao mundo acadêmico. Juan Antonio Riveira, por exemplo, aproveita clássicos do cinema,como Casabalanca e Cidadão Kane, para introduzir conceitos filosóficos em seu livro O Que Sócrates Diria a Woody Allen. Outro autor, chamado William Irwin, vem investindo nesse filão e já emplacou vários sucessos como A Filosofia Segundo Seinfeld, O Essencial e Definitivo – Harry Potter e a Filosofia e A Família Soprano e a Filosofia. Eu, honestamente, fiquei esperando que algum escritor ou professor de filosofia mais atento se debruçasse sobre minha vasta coleção de frases lapidares. Talvez minha maneira peculiar de usar o idioma tenha obscurecido a riqueza do material.

 Mas algumas das grandes questões estão lá: o que é a realidade em si mesma? O que é essencial? O que é certo e o que é errado? Cansado de aguardar por algum intelectual que não tenha mais o que fazer, decidi eu mesmo realizar a tarefa. Como Wittgenstein, acredito que os problemas filosóficos tradicionais são resultantes de confusões linguísticas. Adianto aqui um pouco do livro que em breve pretendo publicar Mussum e a Filosofivis do Mé.

 Se suco de cevadiss atrapalha seu casamentiss, abandone sua mulher, cacildiss!!

 Procurei com esse aforismo uma aproximação com o poeta inglês William Blake, que certa feita disse: “O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria”. Mais que uma apologia ao álcool, a frase conclama o homem a perseguir os seus desejos mais persistentes. E extrair da vida, através da disciplina, não só seu fruto, mas seu suco. No caso, “de cevadiss”. Colocar o consumo de álcool à frente de uma relação marital é um exagero cômico que questiona a importância de um dos valores fundadores de qualquer sociedade: a família.

 Vai caçá sua turmis!

 Esse modo vulgar e insolente de expressar contrariedade eclipsa uma sofisticada abordagem psicológica. Ao corromper a forma original “vai procurar tua turma”, demonstrei que o processo de busca da identidade, a partir do olhar do outro, é uma verdadeira caça. Cujo êxito só é alcançado por meio de múltiplas experiências. Daí a necessidade de verter o substantivo turma, que em si já encerra a ideia de coletivo, para sua forma inexistente no plural “turmis”. Algo conseguido com o acréscimo de uma esdrúxula apóstrofe “s”. Esta última, incluída para satirizar o processo de submissão da identidade brasileira à americana.

 Casa, comida, três milhão por mês, fora o bafo!

 O dito popular “casa, comida e roupa lavada” expressa o denominador mínimo para que um indivíduo mantenha sua dignidade e uma vida confortável. Na versão paródica, a expectativa é quebrada pela inclusão de “três milhão milhão por mês, fora o bafo”  e supressão de “comida e roupa lavada”. Essa inversão levanta uma questão fundamental da filosofia: o que é essencial e o que é supérfluo?

 Tá tudo muito parádis? Toma um mé que o mundo vai girarzis!

 Com essa frase, creio que consegui explicar de uma maneira bem simples a teoria da relatividade. Há também aqui um paralelo com o mito da caverna de Platão. Onde o mundo parado é a sombra projetada na parede e o mé representa a realidade ou a libertação.

  Ai que pênis.

 Essa era só pra fazer graça mesmo.

Fonte

Blog do Bin

Hoje Estou Terrível

┤ Eu não estava armado quando fui encontrado pelos militares americanos, mas confesso que ofereci enorme resistência. Ameacei-os com meu cortador de unhas, novinho e afiado. Eles não tiveram outra opção a não ser atirar.

┤Um pouco antes de ser alvejado, ouvi os soldados do Seal cantando But You Will Never Gonna Survive …

┤Nunca imaginei que uma casa sem telefone e internet pudesse levantar suspeitas. Isso no Brasil é tão comum, principalmente para aqueles que assinam esses serviços.

┤Refugiei-me em AbbottaBAD porque queria dar uma dica ao FBI. Adoro ARG.

┤Na casa onde fui surpreendido, encontraram garrafas de Coca-Cola e Pepsi. Mas não pensem que isso é indício de uma contraditória adesão à imoralidade capitalista americana. Nossa real intenção era despistar os observadores e construir bombas caseiras, misturando os refrigerantes com pastilhas de Mentos.

┤Eu realmente tinha planos de destruir outros símbolos americanos. Nossos próximos alvos seriam uma fábrica de Ipads na China, a Prisão de Guantánamo em Cuba e a Barra da Tijuca no Rio.

┤Apesar de ter sido finalmente derrotado, resta-me um certo orgulho. Fui o protagonista da caçada humana mais longa e cara de que se tem notícia, depois, obviamente, da disputa de alguns clubes brasileiros pelo passe do Ronaldinho Gaúcho.

┤Ao usar Gerônimo para me designar durante a operação, os americanos demonstraram bem como apreciam os seus índios nativos.

┤Alguns veículos da imprensa estamparam, em grandes manchetes, que fui enterrado no mar. Bom, esse teria sido meu último feito extraordinário: ser enterrado na água não é pra qualquer um. Tem gente que adora me mitificar.

┤Até agora não vi uma virgem sequer. Ou prometi virgens demais ou está difícil mesmo de encontrá-las em qualquer parte.

┤Para me distrair, fui jogar Call of Duty, mas a rede do Playstation estava fora do ar. Que inferno, jogar contra máquina não tem graça.

┤No fundo, agora literalmente, fui um cara superestimado. Em seu livro, o acadêmico John Mueller prova que o total de americanos mortos em atentados, desde os anos 60, é “mais ou menos igual ao de mortos por cervos nesse período”. É por isso que eu sempre combati o homossexualismo.

┤Uma de minhas esposas ajudou a reconhecer o meu corpo. Fosse o contrário, eu ia ter grande dificuldade. Enfim, uma vantagem da monogamia.

POSTADO POR: Osama bin Laden

Fonte

“Lembrando” a gloriosa

Charge de Maringoni

Fonte