A desindustrialização é um risco cada vez mais presente no horizonte.
Por André Siqueira e Gerson Freitas Jr.
Única em seu segmento e dona de 70% do mercado brasileiro de ímãs de ferrite, usados em alto-falantes e motores, a empresa paulistana Supergauss está em posição muito mais frágil do que sugere esta breve descrição. Trata-se da sobrevivente em um mercado que, há menos de dez anos, era dividido entre três grandes fabricantes. Os outros dois sucumbiram ante a concorrência de mais de 150 fornecedores chineses, capazes de oferecer o mesmo produto com preços 20% a 30% inferiores ao do similar nacional, mesmo com uma tarifa antidumping de 43%, em vigor há 13 anos.
Se os 200 empregados da Supergauss continuam a produzir 400 toneladas de ímãs de ferrite ao mês, e as contas da empresa ainda fecham no azul, é graças a uma nova linha de produtos, os ímãs de neodímio. A variedade, que equipa aparelhos de tamanho mais reduzido, de telefones celulares e computadores a micromotores, tem maior valor agregado. O problema é que o item só leva a etiqueta da empresa brasileira. É importado, e justamente da China.
“Continuamos no mercado porque muitos clientes querem fornecedores locais”, diz o diretor da Supergauss, Roberto Barth. “Investimos em produtividade nos últimos anos e apostamos na atuação do governo para barrar a importação ilegal. Mesmo assim, parte do mercado é abastecida por importadores que trazem o produto chinês com certificado de origem falsificado em países como Malásia e Taiwan.” Nesse último caso, o diferencial de preço sobe para 50% a favor dos ímãs importados.